E se um dia surgir “o bebê de Rosemary”?
O assessor de imprensa do Partido dos Trabalhadores entra esbaforido no apartamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com as revistas “Veja” e “Época”, ambas com longas reportagens sobre o “affair” do companheiro com Rosemary Nóvoa Noronha, ex-chefe do gabinete da presidência em São Paulo,
Lula o recebeu à porta do apartamento, copo de cachaça na mão direita e charuto do Fidel Castro na esquerda – a de quatro dedos.
– Entra meu amigo e companheiro! Que bons – ou maus – ventos o trazem? Aceita uma caninha e um charuto?
O jornalista agradeceu, e explicou sua missão, delegada pela alta cúpula do partido: venho para ajudá-lo a sair da encrenca com a Rosemary. Lula puxou o assunto:
– Já recebi as revistas de hoje (sexta-feira, 30). Que merda, cara! Tudo por culpa do Zé (José Dirceu) foi ele quem me apresentou a Rose.
O assessor tentou aconselhar o ex-metalúrgico:
– Companheiro Lula, você não deveria ter namorado a moça. Com seu poder você poderia ter 1000 mulheres sem se envolver com nenhuma delas.
– Mas, você não conheceu a Rose dos velhos tempos: esguia, com contornos admiráveis, aqueles cabelos negros. Não há cabra-macho para resistir.
O emissário petista foi logo ao assunto:
– Bom, companheiro, a situação está na mídia e temos que resolver isso da melhor maneira possível.
– Você precisa me ajudar, precisa abafar esse caso. Quantas menas (sic) gente ficar sabendo disso é melhor.
– E a Marisa Letícia, já sabia disso, perguntou o emissário, achando que mexeria num vespeiro.
– Sabia de tudo, tanto que ela não foi a nenhuma das 27 viagens que fiz ao exterior com a Rose. Dei ordens a ela: você é cega, surda e muda nesse assunto.
– Então, companheiro Lula, o ideal é você chamar a imprensa, dizer que você foi fraco, que esse é assunto de sua intimidade, ou seja, é problema sexual seu. Fale de Garanhuns, de sua família, diga que no nordeste é comum os homens terem diversas amantes. Eles cairão e o povo aceitará, até idolatrará você. Lula jogou um gole de cachaça para o santo e voltou a falar, com cara de espantado:
– Você está louco. Não vou dizer nada, vou agir da mesma forma que o Mensalão: não sei de nada. O Maluf negou a vida inteira o depósito na ilha de Jersey, não foi condenado a nada, e ainda se reelegeu deputado federal.
– Mas, a Rosemary poderá ceder à pressão da imprensa e denunciar.
– Ela não fará nada, ela me deve favores, nomeei amigos dela e atendi todos os pedidos dela. De graça. Ou quase.
Experiente, o jornalista tenta explicar novos contornos:
– Essa denúncia poderá dar início a um processo contra você, companheiro. Nós estamos com o Mensalão à flor da pele e o Joaquim Barbosa (ministro do STF) poderá mandar investigar.
Senhor de si, Lula disse:
– Ele é meu amigo, eu o nomeei para o Supremo. Ele me deve esse favor.
– Mas, companheiro Lula, ele é religioso e monogâmico.
– Monogrâmico (sic)? O que é isso?
– Monogâmico é a pessoa que tem uma única esposa, – explicou.
Mais uma talagada de pinga e uma tragada no charuto, e ele diz:
– Então eu sou esse negócio aí, monogrâmico (sic), é isso? Sabe por que? Porque eu tenho só uma esposa, a Marisa. A Rose é um caso, só isso.
O assessor percebe que a batalha é dura. Mas, insiste firmemente, com o intuito de saber outros problemas, para evitar complicações futuras.
– Não há nada mais em relação à Rosemary, companheiro Lula?
– Bom sabe, como é, quando a conheci nós transamos sem camisinha.
– E daí, o que aconteceu?
– Estou preocupado. Não sei se há um “bebê de Rosemary” por aí.
O jornalista abriu a porta, tomou o elevador e saiu pensando “esse não tem jeito”.
Maurinho Adorno é jornalista
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