Nosso Cantinho O IMPACTO–01.12.2012 Maurinho Adorno
Lula, um homem cego, surdo e mudo
A Avenida Prestes Maia, em pleno centro de São Bernardo do Campo, está totalmente congestionada. Equipes de cinegrafistas das emissoras brasileiras de televisão – e algumas do exterior – brigam com os fotógrafos da mídia impressa, em busca da melhor posição para a conquista de uma boa image
m. Em alguns minutos chegam viaturas da Polícia Militar e uma ambulância, com dois médicos e duas enfermeiras, e encostam junto ao meio fio, para alguma eventualidade.
O porteiro do prédio 1633 aciona o apartamento de Marisa Letícia e ambos conversam por alguns segundos. Ela vai à sala, onde o marido fuma um charuto cubano para acompanhar uma dose de Velho Barreiro, e diz:
– Lula, a imprensa toda está no prédio e os jornalistas querem falar com você.
Com uma aparente tranquilidade, ele fala à esposa:
– Eu já sei, eles querem falar das condenações do Mensalão. Isso é um saco. Vou dar uma geladeira de uma hora neles. Depois você manda uma secretária preparar o salão do prédio para eu dar uma coletiva.
O primeiro a perguntar, após uma escala feita pelos próprios repórteres, foi o jornalista do “Estadão”.
– Agora, com o final do julgamento do Mensalão, como o senhor vê seus auxiliares, amigos íntimos, com o Delúbio, o José Dirceu, o Marcos Valério e o José Genoino irem para a cadeia?
Lula suspirou fundo. Não poderia perder a calma. Falou pausadamente:
– Vocês insistem nesse negócio do Mensalão. Isso não existiu. Não vi nada, não sei de nada.
– Mas o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou e colocará seus amigos atrás das grades, presidente!
– Veja bem, companheiro, dizem que o Delúbio precisava pagar as contas das campanhas e fez empréstimos, e o Genoino assinou os contratos: isso é normal. Eu não sabia de nada. E o Zé (José Dirceu) estava no Planalto, ao meu lado, ele não viu nada, não sabia de nada. É tudo invenção da imprensa, ela queria me tirar do poder.
O jornalista da “Veja” faz uma pergunta para atender à curiosidade de milhões de brasileiros:
– O senhor vai visitá-los na cadeia?
Lula tomou um gole de cachaça, deu uma tragada no charuto – presente de seu amigo Fidel Castro –, e falou:
– Você não sabe o que é ser companheiro. Companheiro pode matar ou roubar, mas jamais deixa de ser companheiro. Companheiro é fiel um ao outro. O Dirceu vai estar em cana e eu vou levar uma caninha para ele e para o Delúbio. Charutos também. Para o Marcos Valério vou levar um monte de presentes. Esse camarada sabe muito e pode falar mal de mim. Preciso colocar mel na chupeta dele.
O setorista da “Folha” tomou a palavra:
– Presidente, a chefe do gabinete da presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha, está sendo acusada de tráfico de influências.
Ao estilo de Paulo Maluf, com a face em rubor, Lula falou:
- E eu com isso?
O repórter foi mais incisivo.
– O senhor a nomeou, ela participou de diversas viagens internacionais com o senhor em sua comitiva e, segundo dizem, vocês conversaram mais de 100 vezes ao telefone.
– A Rosemary é minha amiga sim, é pessoa séria, tanto como o Zé Dirceu, o Marcos Valério, o Paulinho Cunha (José Paulo Cunha, deputado federal), e o Genoino.
– Mas, presidente, ela está sendo acusada... – insistiu o repórter.
– Isso tudo é mentira, é coisa da oposição e da imprensa que querem destruir nosso projeto de poder. Não sei de nada. Marisa, leve a cachaça para o apartamento. Eu encerro agora essa entrevista. Nesse assunto, sou cego, surdo e mudo!
Mauro de Campos Adorno Filho é jornalista.
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