Mauro Adorno
No sábado passado, meu cunhado Ézio Gavazzi e minha irmã Maristela Adorno, depois de encerrarem o expediente na Mormat, foram até o Bar Mirim – ou Bar do João – para saborear o bom almoço preparado pela nutricionista Fernanda Vischi. Tranquilos, viram um senhor de cabelos longos entrar no estabelecimento e perguntar: “o Maurinho Adorno tem vindo aqui às terças-feiras?”. É óbvio que minha irmã se preocupou com aquela figura estranha, não reconhecida por ela de imediato. Manteve seus ouvidos atentos, mas não descobriu a identidade do cabeludo. No decorrer da semana, eu soube pelo João Vischi, proprietário do “Mirim”: tratava-se do empresário Luiz Zaniboni, o Luizinho Zaniboni, proprietário da “Casa Zaniboni”.
Deixando um pouco o Luizinho Zaniboni de lado, é público e notório que as apostas fazem parte da vida dos brasileiros. O governo dá opções para todos os gostos. Durante a semana, nada menos que oito jogos são colocados à disposição: Mega-Sena, Quina, Lotofácil, Loteca, Lotogol, Timemania, Dupla-Sena e Lotomania. E há ainda aquele jogo acessível à classe pobre, o jogo do bicho. Tem bicho para todo gosto. Não sei por que a coruja não faz parte. Quem joga sabe que uma “fezinha” pode garantir o leite das crianças. É um jogo sério, embora seja estupidamente enquadrado como contravenção penal. Mas, vamos deixar essa abordagem, pois o meu negócio hoje é falar de aposta política.
Mogi Mirim sempre foi uma cidade em que as apostas políticas sempre estiveram presentes, tanto com o objetivo de se tentar ganhar um dinheirinho fácil ou promover um candidato. Até elegê-lo. Em 2004, por exemplo, um empresário abriu uma aposta, dizendo que José Jorge Módena teria mais que 1.000 votos. A receptividade foi grande. Muitos não acreditavam sequer numa eleição do Módena, ainda mais com essa votação. O apostador investiu: pagou publicidade em jornais, fez panfletos, contratou moças para trabalhar, as “Modenetes”, e botou o candidato para correr atrás de votos. Terminada a votação, Módena foi eleito com 2.150 votos, um verdadeiro fenômeno eleitoral, e o empresário ficou com o bolso mais cheio.
Nos velhos tempos, principalmente quando as famílias Chaib e Amoêdo Campos eram ferrenhas adversárias, as apostas corriam soltas. As três bancas centrais estavam instaladas no Bar Ideal, do Bricho – Liberato – Pila, no Bar Mirim, do José Peres de Freitas, o Zizo, e na engraxataria do Durvalino de Barros. As apostas eram feitas, os apostadores marcavam num papel seu candidato favorito, e as embrulhavam com o dinheiro ou cheque. E “casavam” as apostas nas mãos do Bricho, do Zizo ou do Durvalino. Terminada a apuração, o vencedor passava no estabelecimento e retirava seu prêmio. Dentre os apostadores obstinados, Manoel de Oliveira, o “Mané Mombaça”, os empresários José Américo Pires D’ávila e Luiz Homero Tavares da Silva, o “Tupã”, e os fazendeiros Ladislau Paranhos, o “Lau”, o José Nivaldo Guarnieri, o “Bi Guarnieri”, e Reinaldo Rossi, o Dado Rossi.
Aposta é um negócio sério. Perdeu tem que pagar. Eu, particularmente, não era de apostar. Primeiro por que não tinha dinheiro sobrando e, segundo, pelo fato de ter acesso a pesquisas de ambos os lados, em minha condição de jornalista. Não seria justo com o adversário. Quando muito apostava uma caixa de cervejas. E assim, um dia apostei com o hoje cabeludo Luizinho Zaniboni. Era uma eleição em que o Dr. Décio Mariotoni disputou o cargo de prefeito com o Luiz de Amoedo Campos Neto, há 30 anos. Não lembrava mais da aposta e acredito que o Luizinho também. Fico contente porque se ele teve problemas de memória nestas três décadas, hoje está curado. As 24 cervejas vieram tarde, mas muito mais gostosas porque ficaram gelando por 30 anos.
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