Atualizado: 16/2/2012 3:05
Análises: Luiz Flávio Gomes
Surpreendente,
a fala de Lindemberg pôs em dúvida a intenção de matar. Ele fez
autodefesa e autoacusação. Confessou ter atirado em Eloá e a feito
refém. Negou ter baleado o sargento Atos e impedido a saída dos
adolescentes Iago, Victor e Nayara do apartamento e, por fim, deixou em
suspense se atirou contra Nayara. Podemos dividir a fala dele em três
partes e pelas perguntas da advogada ficou nítido que ela vai reforçar
que Lindemberg deu o tiro em Eloá sem intenção de matar - e isso
significa homicídio culposo, não doloso. A mudança reduz a pena, que
passa a ser de 1 a 3 anos. É como se ele tivesse matado no trânsito.
Ninguém
imaginava a capacidade dele em articular as palavras, além do
raciocínio lógico. Surpreendeu todo mundo essa capacidade de
verbalização no plenário. E isso me parece ser uma característica dele,
porque se fosse orientação não se sustentaria por quatro horas. Hoje, a
acusação terá de trabalhar muito porque a confissão, normalmente,
funciona com jurados. Transmite credibilidade. Penso que os jurados vão
acabar acolhendo tudo o que ele falou porque aparentava sinceridade.
Pode até não ser verdadeira, mas essa versão dele impressiona. Caberá à
promotora provar que ele tinha, sim, a intenção de matar. Esse trabalho
deve mencionar a distância na qual ele atirou e também a localização das
balas. Duas foram na cabeça.
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