domingo, 15 de maio de 2011

MARLY GONÇALVES, cantora e seguidora dos blogs, CANTA E ENCANTA SUA PORTUGUAL...

Nossa querida seguidora - exímia cantora MARLY GONÇALVES - da bela cidade de Santos - que sempre nos envia úteis mensagens, escolhemos esse vídeo para alegrar os patrícios que sentem saudades da boa terra...
de quebra - ouçamos a Marly cantando o nosso hino UMA CASA PORTUGUESA... COM MUITA CERTEZA...

Entrevista de Marly ao Jornal Trevim - Lousã - Portugal




Filha de emigrantes lousanenses canta o fado desde criança.

Marly Gonçalves encanta no Brasil.

O fado desde cedo tomou conta da vida de Marly Gonçalves, uma fadista nascida em Santos, mas filha de um casal de lousanenses.
Armando Gonçalves e Maria Odete Nunes deixaram Vilarinho na década de 50, mas levaram para o Brasil raízes muito portuguesas.
Com apenas três anos de idade, sentada no balcão da padaria dos seus pais, a menina loirinha de olhos verdes começou a cantarolar o fado e o que era brincadeira acabou por se tornar numa profissão, estreando-se no dia 19 de Agosto de 1995, num espectáculo no Mendes Plaza, em Santos.
Marly Gonçalves que já recebeu um convite para cantar no restaurante de Roberto Leal e elogios de Pelé e Joana explica ao Trevim a sua ligação ao fado, numa altura em que ultima pormenores para o lancamento do seu segundo CD.

(T): Como é que surge a ligação de Marly Gonçalves ao fado? Nasce-se fadista?
(MG): A minha mãe gostava muito de me ouvir cantar, e então trancada no meu quarto, punha-me a escutar os discos de vinil da Amália Rodrigues, trazidos pela minha mãe, e que me pedia para aprendê-las. Assim, fui fazendo o meu repertório, sem nunca imaginar que um dia passaria a ser uma intérprete do fado e da música portuguesa. O amor pelo fado cresceu dentro de mim, e com tanta força que hoje não me consigo imaginar longe deste caminho, deste elo, o fado.
(T): Mas porquê o fado e não outro registo musical?
(MG): Na verdade também gosto e canto música popular brasileira, mas identifiquei-me mais com o fado. O fado é muito mais que um estilo musical é uma canção pura de emoção, toca muito mais nos sen­timentos. É através da poesia que cantámos, com muita beleza e detalhes, tudo aquilo que nos vai na alma.
(T): Sempre teve a noção que queria trabalhar em música, ou as coisas foram acontecendo um pouco por acaso?
(MG): Desde menina que brincava muito a cantarolar, e eu era a única a cantar músicas portuguesas, o que levava as minhas amigas de infância a rir, mas nunca dei importância e levava isto tão a sério para mim mesma que no colégio, quando havia festas eu apresentava-me a cantar fados.
(T): Qual é o sentimento que a une ao fado e o que transparece quando canta?
(MG): Ao cantar o fado vivo intensamente a poesia da letra e a melodia transporta-me aos lugares que nunca estive, é uma viagem de pura emoção.
(T): Como é que os brasileiros sentem o fado?
(MG): O povo brasileiro é movido de muita esperança, coragem e emoção. E a música é a terapia da alma e o brasilero vê no fado o remédio para as suas decepções e os desamores na vida.
(T): Pode-se assim dizer que o fado é uma linguagem universal?
(MG): Vendo as coisas pelo lado em que o tema forte da canção portuguesa é o amor em todos os seus sentimentos, acredito que sim, é mesmo uma linguagem universal.
(T): No ano de 2000 lançou o seu primeiro disco e tornou-se, provavelmente, na primeira luso-brasileira a cantar fado. Foi difícil sentir a responsabilidade de uma carreira que estava a nascer?(MG): Na verdade, quando lancei o meu primeiro cd já existiam cantoras aqui no Brasil a divulgar a música portuguesa. Porém, quando este momemto aconteceu na minha vida, a responsabilidade de divulgar uma cultura levou-me a querer estudar, ainda mais a fundo, as tradições das coisas portuguesas, para que eu pudesse estar à altura do compromisso assumido, corresponder ao meu público e mostrar muita seriedade no trabalho desenvolvido. É lógico que a música portuguesa no mercado não é tão fácil como outros estilos musicais, as dificuldades existem, mas se nós acreditarmos no que fazemos, e que fazemos com amor...tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!
(T): O facto de viver no Brasil, longe das origens do fado, faz com que as pessoas olhem de outra forma para a sua carreira?
(MG): Não. Quando me apresento nos espectáculos procuro levar ao público as verdadeiras tradições portuguesas. Desde a maneira de vestir, do cantar, até à celebre chamada, silêncio que se vai cantar o fado, tudo é respeitado.Entra-se num clima total de entrega à música portuguesa, e as lembranças das pessoas, em cada fado que canto, demonstra-se através das lágrimas e na emoção que o público sente. E no final dos espectáculos fico muito satisfeita quando as pessoas me procuram, e para além dos abraços, elogiam o meu trabalho com frases do género, “és uma verdadeira portuguesa a cantar”. Isto é uma emoção muito grande para mim e deixa-me com a sensação de missão cumprida.
(T): Apesar disso a Marly Gonçalves já recebeu alguns prémios de referência?
(MG): Sim. Em 1995, logo no início da minha carreira fui premiada com uma bandeja de prata, que guardo com muito carinho, com os seguintes dizeres: “Marly Gonçalves a revelação do Fado”. Depois em 1998 recebi o Jubileu de Prata do Troféu Brás Cubas, por ser a melhor cantora de fados no Brasil. Em 1999, no fim do espectáculo no Centro Português de Santos, a minha cidade, recebi um convite para ir a Portugal, durante dois meses, para cantar nas casas de fado do Bairro Alto, em Lisboa. Enfim, a cada apresentação eu sinto-me cada vez mais premiada, seja pelos troféus, ou os simples aplausos, mas o carinho do público é sem dúvida nenhuma o melhor prémio que se pode receber.
(T): Após um hiato de 8 anos vai sair agora um novo álbum. Que novidades é que já podem ser reveladas?
(MG): Por enquanto, continuo em fase de negociação com os patrocionadores para um segundo cd, mas estou já a trabalhar nele e a esboçar as músicas que irei colocar neste segundo álbum. Para já não posso adiantar muito mais.
(T): Para quando um concerto aqui na Lousã, a terra de origem dos seus pais?
(MG): Bom, isso tudo depende de um convite dos lousanenses. Certamente vou saber esperar, embora que anciosamente. Talvez depois do lançamento do segundo CD a oportunidade surja. Entretanto resta-me continuar a divulgar a música portuguesa, por quase todos os estados brasileiros.
(T): A terminar gostaria de deixar alguma mensagem?
(MG): É claro que sim. Ao jornal Trevim o meu muito obrigada pela oportunidade para a divulgação do meu trabalho. Pedindo de todo o coração que nunca deixem de usar este veículo de comunicação para estreitar cada vez mais a distância de duas pátrias irmãs, o Brasil e Portugal. E aos lousanenses o meu sincero respeito e carinho desta filha adoptada.

Jorge M. Alexandre 19 Março 2008

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