segunda-feira, 2 de setembro de 2013

PITOCO - OUÇA QUE BELEZA: A AMIZADE DE UM CACHORRINHO COM SEU DONO, UM MENINO: ROLANDO BOLDRIN RELEMBRA O POETA DE ITAPETININGA...

Rolando Boldrin declama o poema Pitoco

Menino e seu cão - Zazzle
Olá pessoal! Queremos compartilhar com todos os nossos amigos do blog Cultura Caipira uma declamação feita pelo grande Rolando Boldrin: Pitoco. É um poema de Abílio Victor, também conhecido como Nhô Bentico (ou Nhô Bentinho), paulista de Itapetininga, “que viajou fora do combinado” há mais de 60 anos:
Nhô Bentico não imitava o caboclo, nem fazia de conta que era poeta, pois que ele era na sua formação, na interpretação da vida e na formação de expressar o próprio caboclo da nossa região, desse tino sociológico maravilhoso da personalidade, integrado na terra, nos costumes, sem contradições e seus conflitos na sua alma pura e simples.
Neste poema é retratado de uma forma muito comovente uma das maiores amizades que pode existir, que é entre um menino e seu cão. Lembro-me, quando era criança, que meu pai ouvia um disco de Rolando Boldrin e lá na útima faixa estava este poema, que me deixava (e ainda deixa), muito emocionado. Se não estou enganado, o disco é esse aqui, Seleção Som Brasil, de 1982:
Rolando Boldrin - Seleção Som Brasil
Só tem musicão aí Smiley piscando Clique na imagem para ampliar. Fonte: Mercado Livre
Com vocês, Pitoco, declamado por Rolando Boldrin no programa Sr. Brasil, da TV Cultura:
Pitoco
Nhô Bentico (Abílio Victor)

Pitoco era um cachorrinho
qu’eu ganhei do meu padrinho
numa noite de Natá-
era esperto, muito ativo,
tinha dois zóio bem vivo,
sartando pra-cá, pra-lá.

Bem cedo me levantava.
Pitoco que me acordava
c’os latido, sem pará,
me fazia tanta festa,
lambia na minha testa,
quiria inté me bejá.

Nos dumingo, bem cedinho,
pegava meu bodoguinho,
os pelote no borná.
Pitoco corria na frente,
dano sarto de contente,
rolano nos capinzá.

Aquele devertimento
de grande contentamento
ia inté no sor entrá.

Era dumingo de mêis
e dia de Santa Ineis: –
tinha festa no arraiá.
Minha mãe, as criançada
tudo de rôpa trocada,
na capela foi rezá;
fugino por ôtra estrada
c’o Pitoco fui caçá.

Hoje, dói minha concência,
pra morde a desobidiência.
Pitoco latia… latia,
mostrano tanta alegria,
sem nada podê cismá;
i eu tacava um pelote,
fazeno virá cambóte,
um pobre cara-cará.

Pitoco me acumpanhava;
de veis in quano sentava
e quiria adivinhá…

De repente fiquei fria
Gritei pr’a Virge Maria,
que pudia me sarvá.
Uma urutu das dorada,
num gaio dipindurada
tava pronta pra sartá!

Pitoco ficô arrepiado,
ficô c’o zóio vidrado
e deu um sarto mortá: –
se cumbateu c’a serpente,
repicô tudo de dente,
mais num pôde se escapá.

Pitoco morreu latindo,
os zóio vivo, tão lindo,
foi fechano devagá;
parece qu’inté se ria
da minha patifaria
de num podê le sarvá.

E neste mundo tão oco,
unde os amigo são pôco,
despois que morreu Pitoco
nunca mais tive outro iguá!

Fonte da letra: publicação da seção Cancioneiro, da Jangada Brasil
Optamos por deixar a versão completa, com mais uma bela história contada pelo Sr. Brasil. Caso vocês queiram ouvir a versão que possivelmente estava no disco mencionado, é só vereste do You Tube.
E vocês, conheciam o poema Pitoco? Gostaram?
Clique em Rolando Boldrin para ler mais sobre o que foi publicado dele aqui em nosso blog.
Há também outros artigos, que como esse, foram publicados em nossa categoria Poesia.
Para conhecer outros poemas de Nhô Bentico, sugiro uma espiada no blog também itapetiningano Verso e Conversa.
Bom proveito!

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